Festival «O Jazz tem Voz!» – 2021

O Festival O Jazz tem Voz! conta este ano com a sua segunda edição.

Se no ano passado a realização do Festival foi possível ao abrigo do Fundo de Emergência para a Cultura, da Câmara Municipal de Lisboa, esta segunda edição mantém o apoio desta instituição e soma ainda a este, o apoio da União Europeia, nomeadamente o Programa COMPETE – Subprograma Garantir Cultura – Tecido Empresarial 2021. 

Este Festival tem sido, como se vê, fruto de uma situação dramática, que deixou todo o sector da Cultura em Portugal num estado lastimável, mas que acabou também por tornar possível este sonho de realizarmos um festival de Jazz em Lisboa, recorrendo a todos os apoios que tínhamos ao nosso alcance, na tentativa de termos um papel activo e construtivo face à situação que vivíamos e continuamos a viver.

Ainda sem nenhuma garantia de que este ano iria ser viável dar continuidade ao Festival, foi durante o segundo dia de concertos da primeira edição que a programação de 2021 começou a ganhar forma.

Sentados no fundo da histórica sala da Voz do Operário, com o César Cardoso Ensemble em palco, fomos atirando e devolvendo nomes, um ao outro, que sonhávamos ver num futuro próximo pisar aquele palco. 

Nomes esses que fazem parte das nossas vidas, das nossas vivências. O primeiro foi o da OJM. “Uma Orquestra ali seria incrível”. “Se fosse a OJM seria um sonho… e se fosse com o João Paulo Esteves da Silva e o Bela Senão Sem, seria maravilhoso!”. E assim foi.

Depois veio o Trio do Mário Laginha. E se era para sonhar, então teria que trazer a Maria João. E assim foi.

Para terminar, queríamos alguém que retratasse esta geração mais nova de músicos em Portugal, que tanto talento tem demonstrado ter. Et voilá, Duplex – Ricardo Toscano e João Barradas pareceu-nos a escolha acertada para ir ao encontro da premissa.

Assim completávamos a programação para os 3 dias centrais de Festival, até que, meses depois recebemos a resposta positiva à candidatura ao apoio da União Europeia e percebemos que havia margem para fazer mais, alargar a programação e tornar o Festival mais inclusivo e acessível, apoiando ainda mais trabalhadores da Cultura. 

Levamos então O Jazz tem Voz! para a rua, ao encontro das pessoas do Bairro da Graça e de quem mais se quiser juntar a elas e voltamos ao Largo de Santa Marinha para dois concertos gratuitos, ao ar livre, no fim de semana que antecede os 3 dias de Festival nas instalações da Voz do Operário.

Não podíamos deixar de chamar para este palco o Pedro Moreira Ensemble, com o seu disco “Two Maybe More” e os seus 8 saxofones, bateria e contrabaixo, que teve edição este ano pela editora Robalo. Também não podíamos ficar indiferentes ao último disco do trio da Paula Sousa, que conta com o belo título “À Espera do Futuro”, e que tão bem descreve o sentimento geral, sentido por todos nós, no último ano e meio.

Não resistimos também a “pincelar” as manhãs do fim de semana nuclear do Festival com uma programação direccionada para o público mais jovem. Convidámos então a Isabel Rato e o seu quinteto que nos apresentarão um concerto pedagógico sobre Jazz e ainda a Orquestra Gerajazz, com Eduardo Lála ao comando, que nasce no seio da Orquestra Geração, projeto centrado na ação e desenvolvimento social através da música, que se inspira no Sistema de “Orquestras Infantiles e Juveniles” da Venezuela.

A pouco mais de um mês do início do Festival, estamos muito felizes por estarmos a contribuir para que cerca de 200 pessoas, entre músicos e técnicos, possam fazer o que mais gostam e devolver ao público o prazer de se sentar perante um palco e poder voltar a sonhar!

Márcia Lessa | Sérgio Machado Letria