Kintsugi – Luís Figueiredo e João Mortágua

A antiga arte japonesa de kintsugi é mais do que uma técnica de reparação de cerâmica. É uma posição filosófica que aceita as falhas e os defeitos e os transforma em beleza. Um objecto partido não é, portanto, um objecto menor, mas antes uma peça que foi enriquecida pelo curso da vida nos seus vários percursos e percalços.
É claro que este princípio profundamente poético tem aplicação noutras experiências da existência humana, como a arte e a criatividade. Na música, por exemplo, esta ideia parece ressoar de forma mais evidente na improvisação livre, uma prática que procura significado no imprevisto e lida em primeira mão com as limitações da criatividade humana.
Este álbum é um testemunho desse princípio: uma colecção de improvisações onde estilhaços de música e explorações em tempo real se juntam para formar peças musicais.
No processo de gravação desta música, acolhemos de braços abertos cada nova possibilidade, cada surpresa, cada curva inesperada. Confiámos nos nossos ouvidos e um no outro, e várias vezes nos maravilhámos com o resultado. Esperamos que o ouvinte sinta o mesmo.
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Kintsugi é arte quebrada: música feita de estilhaços. É exploração e procura. Encontra significado no imprevisível e acolhe as falhas da criatividade humana. Kintsugi procura beleza nas coisas quebradas.

João Mortágua: saxofones, electrónica e outros instrumentos
Luís Figueiredo: teclados, percussão, electrónica e outros instrumentos
Edição: Roda Music